sábado, 18 de outubro de 2008

Caneta vermelha

- Você professora?
A vozinha me arrancou de meu planejamento semanal, exatamente enquanto eu fazia uma ginástica para encaixar os vários compromissos de um determinado dia da semana seguinte, enquanto estava em um almoço na casa de familiares de meu marido.
Como estava sem nenhum livro, nem material da escola ou faculdade na mão - só mesmo uma caneta e o plano semanal em mãos -, fiquei curiosa.
- Sou, sim. - Respondi, mas não contive a curiosidade. - Como você adivinhou? - Perguntei imaginando que ela diria que eu tinha uma cara de inteligente, ou algo assim.
- É que eu vi você corrigindo com a caneta vermelha... - respondeu como se tudo ficasse explicado.
Para ela, como ainda para muitas pessoas, caneta vermelha significava correção. E corrigir, pelo visto, ser professor.
Ainda pensei em dizer que para escrever ou corrigir eu não tinha essa coisa de cor não. A primeira caneta que aparecesse em minhas mãos servia. Até lápis. Mas, para quê? Devo ser uma na multidão, pelo visto.
Sinceramente, não acredito que a cor da caneta traumatize o aluno, como várias pessoas têm apregoado. Afinal, se a nota do aluno for sempre boa, que importa a cor? Contudo, concordo que a idéia de o vermelho estar associado a algo negativo, mesmo em setores extra-escolares, está bastante arraigada. Basta dar uma olhada em sua conta bancária. Se ela estiver negativa, diz-se que está no vermelho... Mas, daí a dizer que é a cor que vai traumatizar, acho um exagero.
Dois dias após essa conversa com a menina, entreguei trabalhos de meus alunos do curso de Pedagogia. Valia 5,0. A aluna tirou 4,5. Lá estava a nota, juro, só por acaso mesmo, à caneta vermelha. A aluna perguntou porque havia tirado uma nota abaixo da média. Lembrei-lhe que o trabalho valia cinco. Então, não, não estava abaixo. "Mas, professora, então por que está de vermelho?"
Ora, de tanto usar minhas canetas pretas ou azuis, eu as perco mais facilmente. Então, a única disponível era a vermelha! Com tanta coisa realmente importante com que preocupar-nos para fazer a educação ser deveras de qualidade, será mesmo que a cor da caneta - azul, preta, vermelha, rosa, verde, ou seja lá qual for - vai fazer diferença no aprendizado?
Então, convoco professores a irem à papelaria mais próxima e se permitirem variar cores. Que seja. Se isso servir para os alunos aprenderem mais e terem uma auto-estima mais elevada, então é simples.
Mas, por favor, não exagere então na cor preta. A situação preta é sinônimo de nota baixa no boletim!

Viver conforme oramos

A poesia abaixo foi citada por Thomas S. Monson em A Liahona de janeiro de 1997:
"Ajoelhei-me para orar, no fim do dia,
Dizendo: Ó Senhor a todos vem abençoar
E a dor dos tristes corações alivia
Fazendo os doentes a saúde recobrar.

Despertei, com um novo dia pela frente
E segui meu caminho, indiferente;
Sem um instante sequer procurar
Uma única lágrima enxugar.

Não tornei a carga menos pesada
Do irmão que seguia pela mesma estrada.
Terminei o dia sem ter-me lembrado
De visitar o doente da casa ao lado.

Mas no fim do dia novamente pus-me a orar
Dizendo: Ó, Senhor, a todos vem abençoar.
Desta vez, porém, ouvi claramente
Uma voz sussurrar suavemente.

Pensa agora, filho meu, antes de orar:
Quem procuraste neste dia abençoar?
As bênçãos mais carinhosas de Deus
Sempre chegam pelas mãos de servos Seus.

Envergonhado, escondi o rosto a chorar,
Dizendo: Perdoa-me, ó Deus, por não tentar
Concede-me mais um dia e viverei
Fazendo aquilo pelo que orei."

O quarto rei mago

Eu li a história narrada no filme "O quarto rei mago" em algum manual ou outro tipo de publicação da Igreja. Falta-me a referência agora. A partir dela, fiz o discurso abaixo, pronunciado em maio de 1997, na Ala de Duque de Caxias:
CARIDADE
Há um filme muito interessante que exemplifica o tema sobre o qual falarei. Este filme é "O quarto rei mago", o qual conta a história fictícia de um rei mago que, quando do nascimento de Cristo, se desencontrou dos outros três reis, quando todos levariam presentes, pois precisou ajudar a alguém. A partir daí, começou ele na busca de Jesus. No entanto, ele passou mais trinta anos numa comunidade, ajudando aos necessitados. Para isso, ele teve que vender praticamente todas as jóias que seriam para Jesus. Ele também já estava bem velhinho e já desistindo de encontrar o Mestre. Desta forma, ele libertou seu escravo, a quem prometera que o faria quando encontrasse a Cristo. Esse escravo saiu e viu, na cidade, Jesus Cristo. Ele voltou ao rei mago e contou-lhe o que viu. Este, pegou a única pedra preciosa que lhe restara e foià procura de Cristo. Ao chegar no local, viu Cristo sendo chicoteado e ele passou mal. Quando se recuperou e decidiu ir falar com Cristo, uma menina estava para ser vendida por estar só, pois perdera seus pais. Ele a viu e perguntou o que ocorria. Este rei mago vendeu o único rubi que conseguira guardar para o Mestre, para que ela fosse liberta. Ao chegar para ver Jesus Cristo, o rei mago prostrou-se e falou: "Senhor, desculpe-me por não ter nada com que presenteá-lo." E Cristo respondeu: "Eu já aceitei seu presente." O rei mago ficou surpreso e perguntou: "Como, Senhor, se há tanto tempo estou a Tua procura e só agora o encontro?" E o que Jesus respondeu encontra-se em Mateus 25:35-37:
"Tive fome e me destes de comer. Tive frio e me destes com que me cobrir.' "
Na verdade, podemos hoje considerarmo-nos os quartos reis magos. Ainda não encontramos a Cristo, mas quando estivermos com Ele, que presente iremos ofertar-Lhe?
É impossível amarmos o Senhor e não amarmos o nosso próximo. E esse amor se revela através da caridade - o puro amor de Cristo.
Muitas pessoas se perguntam: "Puxa! Eu não tenho dinheiro, como posso ser caridosa para com os meus irmãos?" Convém que vejamos uma citação do Élder Bruce R. McConkie:
"É nosso privilégio consagrar nosso tempo, talentos e recursos à edificação do seu reino. Maior ou menor, sempre é exigido de nós algum sacrifício para o progresso de sua obra. A obediência é essencial para a salvação, bem como o serviço, assim também a consagração e o sacrifício."
Tempo. Talento. Recursos. QUem de nós não tem, ao menos, um desses ingredientes para usar em forma de caridade? Fazemos isso ao agirmos como missionários, a todo momento. Da mesma forma com nossos chamados. Ou, ainda, através dos pequenos gestos anônimos de gentileza e bondade em nosso cotidiano.
Se quisermos servir a Deus, devemos tomar sobre nós o nome de Cristo, buscando viver como Ele viveu, lembrando constantemente da necessidade de sermos caridosos. Afinal, como diz um hino de que gosto muito: "anjos no alto anotam e veem todos os atos, oh, faze o bem!"

Dois mares na palestina

A história abaixo foi retirada de um dos manuais da Igreja, não me recordo qual neste instante. Eu usei em um discurso no ano 2000:
"Há dois mares na Palestina - um possui vida e os peixes ali habitam. As suas margens são adornadas pela vegetação. árvores estendem seus ramos sobre ele e espalham suas raízes sedentas para beber de suas águas saudáveis. Ao, longo de suas praias as crianças brincam, como brincavam quando Cristo andou por lá. Ele o amava. Ele podia olhar em direção à sua superfície prateada, quando contava suas parábolas. E numa planície ondulante, não longe dali, alimentou cinco mil pessoas. O Rio Jordão forma este mar com a água cintilante que vem das montanhas. Sendo assim, elas sorriem ao brilho do sol. Os homens constrem suas casas próximo a ele e os pássaros ali constroem seus ninhos. Toda espécie de vida é mais feliz porque ele ali está.
O Rio Jordão corre em direção ao sul, para outro mar.
Ali não há peixes, nem folhas flutuando, nem o cantar dos pássaros, nem o riso das crianças. Os viajantes escolhem outra rota, a menos que tenham negócios urgentes. O ar parece pairar pesado acima de suas águas, e nenhum homem, animal ou ave as beberá.
O que faz esta grande diferença nestes mares vizinhos? Não é o Rio Jordão. Ele despeja suas boas águas em ambos. Não é o solo em que eles repousam nem a terra que os rodeia. A diferença é que o Mar da Galiléia recebe, mas não retém o Rio Jordão; tudo que nele entra, dele sai. O dar e receber têm a mesma medida. O outro mar é astuto, armazenando ciumentamente tudo o que recebe. Ele não será tentado por um impulso generoso. Tudo que recebe, ele retém. O mar da Galiléia dá e vive. O outro mar não dá nada, por isto é chamado de "O Mar Morto". Há dois tipos de pessoas no mundo. Há dois mares na Palestina."